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ENSAIO

A relevância da presença na era digital*

Thiago Holanda Dantas|

01/03/2024

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Thiago Holanda Dantas

Licenciatura em Filosofia e bacharelado em Teologia, foi missionário por sete anos no interior da Paraíba e reside atualmente em Belo Horizonte. Além disso, é escritor do blog Vanitas, onde aborda temas de filosofia, teologia e cultura. Atualmente, dedica-se como professor e tradutor.

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Como citar

Dantas, Thiago Holanda. A relevância da presença na era digital. Unus Mundus, Belo Horizonte, n. 3, jan-jun, 2024.

Introdução

Na contemporaneidade, uma das características mais significativas que emerge é a comunicação a distância, que tem redefinido como as interações humanas ocorrem. Esse novo meio de comunicação oferece a possibilidade de conectividade instantânea e global. Contudo, paradoxalmente, parece ter um impacto inverso nos relacionamentos mais próximos, resultando na perda de intimidade e na fragilização dos laços afetivos. Com o advento das redes sociais, que prometia conexão ininterrupta, revela-se acompanhado por consequências negativas, afetando não apenas a comunicação, mas também a sociabilidade e a saúde psicológica.

Este ensaio visa investigar os desafios contemporâneos enfrentados na comunicação a distância e virtual, analisando como a conectividade instantânea impacta a qualidade dos relacionamentos interpessoais. Além disso, busca compreender as implicações da tecnologia no contexto religioso, especialmente no que tange à necessidade de sociabilidade e intimidade. Buscaremos soluções para as implicações da falta de corporeidade e fragmentação trazida pela era virtual.

Desafios da comunicação na era digital

Em meio à revolução na forma como nos comunicamos e nos relacionamos, Jacob Shatzer questiona se as categorias convencionais de relacionamentos ainda são adequadas. Ele observa que “nossas definições de relacionamento, companheirismo e amizade estão mudando porque temos experiências com a tecnologia que parecem exigir categorias relacionais, mas ao mesmo tempo não se enquadram nas categorias existentes”.¹ Essa reflexão nos leva a considerar os desafios que enfrentamos com relação à comunicação e, por consequência, à construção de relacionamentos. Que tipos de desafios são estes?? Com uma facilidade de comunicação tão grande, parece que temos perdido a capacidade de relacionamento e comunicação profunda. Shatzer continua com seus questionamentos: 

Quem é real? [...] Quem são nossos verdadeiros amigos? A questão de quem é real está intimamente relacionada com a questão do que conta como relacionamento. Enfrentamos essas questões de novas maneiras por causa da tecnologia robótica, da realidade virtual e das mídias sociais. Essas tecnologias proporcionam-nos uma velocidade de acesso e um grau de imersão que as distingue.²

Com o advento da realidade virtual, a barreira entre o mundo real e o mundo virtual ficou quase indistinguível, e agora o desafio é diferenciar o que é real daquilo que é virtual. Como aponta Slavoj Zizek, passamos a experimentar uma realidade sem substância, privada de sua essência, e o desfecho desse processo de virtualização nos leva a perceber, no final das contas, que a própria “realidade real” começa a ser vivenciada como virtual.³ Esse fenômeno não se limita ao mundo material, mas se expande às nossas interações sociais, de modo que passamos a questionar a autenticidade de nossas relações. Gradualmente, a vida social passa também a ter ares de falsidade, como se todos estivessem atuando. A vida acaba por se desmaterializar e se tornar um grande espetáculo.

Inicialmente, a ascensão da comunicação digital inspirou certo otimismo. Pensadores como Flusser acreditavam que a comunicação digital teria a capacidade de retirar o ser humano de seu isolamento e da demanda por reconhecimento dos outros indivíduos.⁴ Keen, por sua vez, relembra o otimismo exagerado de muitos, que em suma afirmavam que “a rede é a nossa salvação enquanto raça humana”, pois “as redes sociais digitais estão nos permitindo unir-nos como raça humana”.⁵

Esse messianismo com as redes criou a ilusão de que bastaria conectar-se para se sentir inserido em uma comunidade global, conectado a milhões de pessoas. Entretanto, por mais que as redes sociais prometam comunicação sem limites, instantaneidade de acesso a milhares de pessoas em poucos segundos e conectividade, esses relacionamentos se tornam efêmeros, pois não é possível recriar comunidades reais no ambiente virtual. Como afirma Byung-Chul Han, “este messianismo da interconexão não teve confirmação. Pelo contrário, a comunicação digital causa uma forte erosão da comunidade, do nós. Destrói o espaço público e agrava o isolamento do indivíduo humano”.⁶

Entretanto, por mais que as redes sociais prometam comunicação sem limites, instantaneidade de acesso a milhares de pessoas em poucos segundos e conectividade, esses relacionamentos se tornam efêmeros, pois não é possível recriar comunidades reais no ambiente virtual.

Por essa razão, a velocidade com que podemos nos comunicar não torna os relacionamentos mais fortes; pelo contrário, eles se liquefazem, como diria Bauman, tornam-se líquidos. Ele descreve que “qualquer rede densa de laços sociais, e em particular uma que esteja territorialmente enraizada, é um obstáculo a ser eliminado”.⁷ Nesse cenário, amigos, entes queridos, comunidade e todas as relações humanas cedem espaço a interações instantâneas, e os relacionamentos são reduzidos e comprimidos em uma tela.

Parece-nos que a visão profética de Marshall McLuhan na década de 1960 de que “o meio é a mensagem”⁸ ressoa cada vez mais intensamente na era digital. McLuhan percebeu que o meio de comunicação que escolhemos para transmitir mensagens não é neutro; na verdade, ele é, por si só, uma mensagem. Isso significa que o meio desempenha um papel fundamental na forma como percebemos e assimilamos a mensagem, muitas vezes superando o próprio conteúdo da mensagem. McLuhan explica que:

E assim o título [O meio é a mensagem] tem a intenção de chamar a atenção para o fato de que um meio não é algo neutro — ele faz algo nas pessoas. Ele gruda nelas. Se esfrega, massageia e sacode-as, quiropraticamente, por assim dizer, e a aspereza geral que qualquer nova sociedade obtém de um meio[médium], especialmente um novo meio, é o que se pretende nesse título.⁹

A explicação dessa ideia revela que o meio exerce uma influência profunda não somente sobre a mensagem comunicada, mas sobre as pessoas que o utilizam. O meio de comunicação adere a nós, nos impacta e modifica nossa visão de mundo, fazendo com que enxerguemos as coisas de maneira diferente. McLuhan chama a atenção para a importância do meio na comunicação e como ele afeta nossa percepção e compreensão da mensagem. Essa noção é especialmente relevante no mundo contemporâneo, onde a tecnologia digital e as redes sociais desempenham um papel central em nossas vidas. O meio pelo qual a informação viaja não é meramente um “meio”, mas um agente ativo que molda a mensagem e, de forma igualmente significativa, o receptor da mensagem.

McLuhan utiliza o exemplo da lâmpada¹⁰ para destacar que, embora a lâmpada em si não transmita uma mensagem específica, como um jornal ou programa de televisão, sua invenção teve o poder de criar novas possibilidades e novos espaços. A lâmpada, ao superar a escuridão que limitava as atividades humanas noturnas, desencadeou uma revolução na vida cotidiana, permitindo trabalho, entretenimento e estudo. A comparação é estendida ao smartphone, enfatizando como esse dispositivo que conecta pessoas globalmente com um simples toque representa uma evolução da tecnologia de comunicação. O smartphone, agora uma extensão de nós mesmos, não apenas facilita a comunicação, mas também influencia significativamente nossos modos de trabalho, aprendizado, diversão e interação social.

Han, ao refletir sobre as conclusões de McLuhan, oferece uma visão contemporânea desse dilema. Ele argumenta que a mídia digital está nos “desprogramando” de maneira sutil, sem que saibamos qual será o resultado, pois ela “transforma decisivamente nosso comportamento, nossa percepção, nossa sensação, nosso pensamento, nossa vida em conjunto”.¹¹ Estamos mergulhados em um oceano midiático, porém a verdadeira natureza dos efeitos dessa intoxicação digital ainda é desconhecida. Para Han, isso representa uma cegueira e ignorância coletiva que constituem a crise da era digital.¹² Ele destaca que uma das consequências da hiperconexão proporcionada pelas redes sociais é que, de maneira voluntária, nos inserimos em um panóptico digital, que nos encoraja a relatar ao mundo nossos gostos, desejos e eventos cotidianos.¹³

Essa prisão virtual autoimposta, que expõe seus participantes em vez de fomentar a proximidade, resulta em distanciamento. Esse fenômeno, identificado por Han como a “sociedade da transparência”,¹⁴ caracteriza-se pela demanda de estar disponível 24 horas por dia, desejando que haja transparência e comunicação ininterrupta. Esse processo, paradoxalmente, não cria proximidade; é justamente o oposto, uma vez que a “falta de distância não é a proximidade; ao contrário, ela a aniquila. A proximidade é rica de espaço, ao passo que a falta de distância a aniquila.”¹⁵

Portanto, para que haja verdadeira proximidade, é necessário que haja distância, e nessa distância há a formação de proximidade. Embora possam parecer ideias contraditórias, como Han sugere, o distanciamento revela nuances que uma superexposição não é capaz de absorver.

Diante da imperatividade da transparência na sociedade atual, é essencial cultivar a valorização da distância, pois é apenas em refúgios resguardados, sem espaços expostos indevidamente para prevenir o desnudamento comprometedor da intimidade¹⁶ é que podem florescer afeto e comunicação autêntica, livres dos ruídos da comunicação virtual.

Nessa perspectiva, embora as redes sociais inicialmente pareçam conectar-nos a uma diversidade de pessoas, a realidade é que, frequentemente, elas nos aprisionam em “silos de similaridade”,¹⁷ conforme descrito por Shatzer. Isso ocorre porque apresentam uma ilusão de diversidade, sem uma diversidade genuína, apenas aparente em virtude da quantidade de pessoas com as quais nos relacionamos. Em outras palavras, acabamos fazendo amizades com indivíduos que compartilham interesses e características semelhantes, e são as mídias sociais e os smartphones os instrumentos que proporcionam esse espelho digital no qual nos observamos sem perceber o outro. Segundo Han, “a positividade, inerente ao digital, […] prolonga este. O smartphone, como o digital em geral, debilita a nossa capacidade de lidar com a negatividade”.¹⁸

Esse isolamento é ainda mais acentuado pelas redes sociais, pois seus algoritmos e sistemas reforçam essa dinâmica. Enquanto na vida real podemos ser confrontados com pessoas que têm perspectivas diferentes, nas redes sociais há uma capacidade de silenciar, o que pode ser feito pelos próprios algoritmos, que podem ocultar essas vozes discordantes, expondo-nos somente aquilo que se coaduna com nosso interesse.

De acordo com Thomas Fuchs, a comunicação virtual é prejudicial, pois carece de emoções e gestos que são percebidos apenas no contato corporal. Além disso, ela propicia a ocorrência de “emoções fantasmas”,¹⁹ representando projeções de sentimentos sobre o outro indivíduo, prejudicando, assim, a comunicação empática. Fuchs destaca categoricamente que a intimidade gerada pela comunicação virtual é falsa, sendo que os envolvidos evitariam esse tipo de interação se fosse presencial. Nesse contexto, o outro é concebido como uma projeção da imaginação, uma vez que indivíduos reais não fazem parte dessa pseudo-relação.²⁰

Han, por sua vez, argumenta que os habitantes do mundo digital são incapazes de se unirem; eles formam uma multidão de indivíduos que não consegue gerar um senso de coletividade, pois não se reúnem. “Falta-lhes a intimidade da reunião, capaz de produzir um nós. Formam uma concentração sem reunião, uma multiplicidade sem interioridade, sem alma ou sem espírito. São, fundamentalmente […] seres isolados”.²¹

Isso fica evidente quando, em público, as pessoas preferem usar seus smartphones em vez de conversar, ou quando utilizam fones de ouvido para escutar sua música preferida em vez de escutar os sons da natureza. É inegável a influência profunda e em constante evolução que o meio virtual exerce sobre a sociedade e a própria essência da humanidade. Por essa razão, é primordial compreender esse fenômeno para navegarmos com sabedoria e discernimento na era digital, onde atualmente a comunicação instantânea e globalizada têm crescido em importância cada vez mais. 

Observamos que, em decorrência do individualismo e do impacto do uso da tecnologia, os indivíduos estão mais isolados, envolvendo-se menos em grupos sociais de todo tipo, sendo substituído pelo uso generalizado da internet e das redes sociais na vida cotidiana. Como resultado, as pessoas estão se desconectando de amigos, familiares e vizinhos de forma gradativa.

Essas percepções não ficam somente em convicções particulares. Alguns estudos enfatizam como a tecnologia tem afetado as interações sociais. O American Journal of Preventive Medicine indicou que aqueles que passam mais tempo em redes sociais têm uma maior probabilidade de sentirem-se isolados socialmente.²² Além disso, um relatório da Cigna em 2020 corrobora essa conclusão ao mostrar que usuários frequentes das redes sociais são mais propensos a experimentar solidão e isolamento.²³ Já Lengacher, falando sobre tecnologia na comunicação interpessoal, concluiu que o aumento no uso de dispositivos móveis está prejudicando a comunicação presencial e a intimidade.²⁴ Outras conclusões associam o uso frequente do Facebook ao declínio nas habilidades sociais empáticas, enquanto o uso reduzido está ligado ao aumento da extroversão e habilidades sociais.

Comunidade cristã na era digital

Como observamos, nossa sociedade contemporânea é marcada pela onipresença da tecnologia, que se infiltrou em vários aspectos da experiência humana, inclusive a maneira como nos relacionamos uns com os outros em diversos ambientes. Essa transformação tecnológica não deixa nenhum aspecto intocado em nossa vida cotidiana. Obviamente, isso nos leva a questionar como a era tecnológica tem afetado e desafiado a vivência cristã em comunidade, com foco na comunhão, que é um dos pilares mais importantes da fé.

Nesse contexto, a espiritualidade não foi excluída. Comunidades cristãs também entraram no mundo online. As “igrejas online”, ou “igrejas na internet”, começaram a ganhar proeminência no início dos anos 2000.²⁵ Desde então, investimentos institucionais, o aumento da velocidade de conexão e a popularização do acesso à internet têm contribuído significativamente para o seu crescimento. 

Isso ficou mais evidente após a pandemia do Covid-19, no qual a transmissão de cultos online aumentou drasticamente. Pesquisadores da Unicamp destacaram um aumento de 10.000% nas buscas por “culto online” no Google de janeiro a abril de 2020. A pesquisa PoderData revelou que 45% dos brasileiros que seguem alguma religião ou acreditam em um ser superior estavam acompanhando cultos pela TV ou pela internet por causa da pandemia. Outros 30% praticavam suas crenças em casa, enquanto 14% ainda frequentavam igrejas ou templos e 5% praticavam sua fé de outras maneiras.²⁶

O culto online possui algumas vantagens, como a assistência para pessoas doentes, idosas, mães de recém-nascidos, pessoas em viagens etc. Outras vantagens são o alcance de um público global, a capacidade de atrair desigrejados e interessados em conhecer a fé, flexibilidade geográfica, economia de custos, atração de novos fiéis, uso da presença digital para fins variados, flexibilidade de horários, arquivamento do conteúdo, aproximação do público jovem, viabilização de doações online e a transmissão ao vivo.²⁷

Por outro lado, alguns obstáculos devem ser pontuados, como a dificuldade de acesso para alguns idosos, a passividade dos espectadores que assistem um serviço religioso como mais uma programação na internet e as desigualdades digitais, que afetam todo o Brasil e limitam o acesso à tecnologia.  Esses apontamentos demonstram que a igreja online não supera todas as necessidades da comunidade cristã. Ademais, um grande desafio é atender à demanda por comunhão e pertencimento. Na conferência realizada em 2023, a Igreja Metodista no Reino Unido reiterou “a possibilidade de igrejas predominantemente online”, com a ressalva de que mais considerações precisam ser feitas “no que diz respeito à comunhão online”.²⁸ Entretanto, essas críticas não partem somente do protestantismo: a Igreja Católica Romana declarou que as reuniões virtuais não são suficientes para substituir as reuniões presenciais. O Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais reiterou, em 2002, que “a realidade virtual do espaço cibernético não pode substituir a comunidade interpessoal concreta, a realidade da encarnação dos sacramentos e a liturgia, ou a proclamação imediata e direta do Evangelho”.²⁹

Embora as igrejas virtuais estejam se tornando cada vez mais comuns, a falta de “conexão humana” ainda é um grande revés. Como Pritchett pode observar, sobre as igrejas online na pandemia, que suas ações não se resumem a oferecer conteúdo, apesar de que  “oferecer conteúdo para consumo individual é útil, mas não pode substituir o companheirismo que falta nas conversas de corredor após os cultos, nas reuniões de pequenos grupos e nas conexões pessoais que a reunião física mantém”.³⁰

Portanto, esses fatores demonstram como a era tecnológica apresenta desafios para a construção de relacionamentos autênticos. Apesar de haver benefícios, como observamos, e de promover uma sensação de pertencimento, como explica Karen Bomilcar,³¹ a interação virtual deve ser vista como suplemento, e não a fonte primária das relações sociais. Sendo assim, mesmo que haja conexão digital, ela não é capaz de substituir o poder da presença para vivência da comunhão cristã em um mundo cada vez mais isolado digitalmente. Veremos como podemos buscar soluções a essa questão tão desafiadora.

A encarnação como resposta

A encarnação sustenta o Cristianismo. A frase citada pelo Apóstolo João, “O verbo se fez carne”,³² revela que a mensagem teve de ser encarnada para atingir os humanos. O frágil corpo do nazareno foi o meio divinamente escolhido para comunicar aos homens como ser plenamente humanos. Deus assumiu uma forma humana, viveu como homem, experimentou a fragilidade da condição mortal e foi, mesmo sendo o Rei da glória, sacrificado para que pudéssemos ser como Ele é.³³ Deus, diante de sua sabedoria, intencionalmente se fez homem para que os homens se tornassem plenos.

A Encarnação na história cristã não deixa um vazio da presença divina. Isso porque, como descreve N.T. Wright, temos em Cristo “um único ser humano que incorpora em si a vida pessoal e o amor do Deus pessoal, e carrega o peso do mundo, tristezas e dores até a cruz”.³⁴ Assim, a finalidade do Cristianismo reside em nos tornarmos como Cristo³⁵ e atingirmos Sua plenitude,³⁶ e isso é feito por meio do corpo e no corpo. Cristo, através de seu corpo, como sacrifício, resgata a humanidade das trevas; e a Igreja, o Corpo de Cristo, possui as práticas e as doutrinas que permitem nos manter em Cristo, por isso é vital o relacionamento não somente com Cristo, de forma individual, mas também com sua Igreja. Como posto por Calvino, a máxima de Cipriano de Cartago, “àqueles de quem ele é o Pai, a Igreja também será a mãe”.³⁷

Cristo, através de seu corpo, como sacrifício, resgata a humanidade das trevas; e a Igreja, o Corpo de Cristo, possui as práticas e as doutrinas que permitem nos manter em Cristo, por isso é vital o relacionamento não somente com Cristo, de forma individual, mas também com sua Igreja.

Contudo, durante séculos, parece que a Igreja e os cristãos negligenciaram a vida encarnada, optando por uma “vida espiritual”, desencarnada. A ênfase em “salvar almas” fez com que a realidade material fosse vista com certa indiferença, o que de fato se distancia do ensinamento bíblico. A fé cristã proclama que fomos salvos integralmente, e não apenas uma alma imortal; aliás, essa ideia não possui raízes cristãs ou judaicas, mas, em vez disso, remete à influência helenista e pagã.³⁸

Essa influência moldou nossa interação com a tecnologia, considerando somente como pontos doutrinários e cognitivos se coadunam com a crença cristã, muitas vezes, negligenciando a importância do corpo. Conforme Michael Burdett salienta, tendo como contexto o pós-humanismo, mas que pode ser aplicado de forma mais ampla à tecnologia, é vital que compreendamos não somente a forma mental, mas também o corpo como o local onde manifestamos nosso testemunho cristão. Assim, como o corpo coletivo de Cristo, diz Burnett, “a igreja presta o seu testemunho no meio de outras forças públicas e secularizantes, como o pós-humanismo. Contrariando o testemunho encarnacional da igreja, tais forças muitas vezes testemunham contra o corpo”.³⁹

Desse modo, as crenças devem ser encarnadas. Encarar os seres humanos apenas como “coisas pensantes”,⁴⁰ como sugerido por Descartes, e não seres integrais, com seus hábitos e desejos, leva a uma compreensão da tecnologia e, no nosso caso, a comunicação virtual, de forma incompleta. Não podemos nos esquecer de que somos seres de hábitos e crenças moldados a partir desses valores que transcendem o mero pensamento lógico.⁴¹

James K. A. Smith destaca uma maneira alternativa de compreender o ser humano como algo mais que uma  máquina pensante: como um “animal que crê”;⁴² dito de outro modo, como uma criatura religiosa cuja cosmovisão é pré-racional ou suprarracional. Em outras palavras, “o que nos define não é o que pensamos — não é o conjunto de ideias a que assentimos —, e sim aquilo em que cremos, os compromissos e as lealdades que orientam nosso estar no mundo”. Em suma, somos seres de crenças antes de seres pensantes.

Portanto, se a tecnologia digital é um meio de comunicação, e vimos que esses meios não são neutros, eles têm o poder de nos moldar à medida que os utilizamos.⁴³ Como afirma Derek Schuurman: “Uma confiança sem discernimento na tecnologia digital irá gradualmente moldar-nos em padrões de pensamento que reflete o de um computador. […] podemos moldar as nossas máquinas, mas elas também nos moldarão”.⁴⁴

Nesse caso, estamos sendo moldados pelas big-techs, que precisam nos manter fisgados para atingir sucesso, tendo em vista que seu êxito está baseado no tempo de tela. Para fazer isso, essas empresas têm que “ritualizar os seus usuários”, e, para fazer isso, como aponta Dru Johnson, elas, “ao projetar um ‘aplicativo’ de videogame ou smartphone, o fazem de uma forma que recrutará inteiramente nossos corpos”.⁴⁵

Essa influência tecnológica tem nos modificado para um afastamento do corpo e, por conseguinte, de relacionamentos reais. Sendo assim, o uso da interação virtual deve ser feito com extrema cautela, e tal cuidado ressalta a importância que o Cristianismo atribui ao corpo e, naturalmente, à encarnação. Entretanto, um estranho fenômeno ocorre quando estamos conectados; nesses momentos, parece que, como diz Eden O’Brien, “deixamos nossos corpos em casa”.⁴⁶ Ele argumenta que a maneira como nos engajamos virtualmente com a Internet resulta em uma perda de valor do corpo; e, para uma visão cristã que está alicerçada na encarnação, essa virtualização da fé revela-se algo estranho.

Para Lanier, o problema do uso da internet está em algo chamado de “lock-in” , uma espécie de aprisionamento tecnológico. Isso ocorre quando uma regra é tão fundamental para um sistema que se torna impossível alterá-la, pois muito foi construído com base nela. Como resultado desse lock-in, a internet requer daqueles que se envolvem com ela que sejam reduzidos a fragmentos, ou, como o autor coloca, a “bits“.⁴⁷

Sendo assim, se assumirmos a ideia de que a internet e o os meios digitais fragmentam o ser humano em pedaços ou bits, a encarnação, proposta pelo Cristianismo, desafia esse modelo de ser humano virtual, que parece ilimitado pelo livre acesso à rede e fragmentado pelo meio virtual. A proposta cristã compreende o ser humano, por outro lado, como integral e limitado ao espaço e tempo. Nesse caso, qual seria a solução para tal dilema?

A mesa e o caminho intercalados

Naturalmente, entendemos que o primeiro passo para tentarmos solucionar esse dilema passa pela valorização da presença e do corpo; nesse sentido, e encontramos no Cristo encarnado o ponto de convergência entre corpo, espírito e racionalidade, bem como entre espaço e tempo. Como confessamos no Credo Apostólico, Jesus “foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Maria Virgem; Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos”.⁴⁸ Isso revela sua natureza completa, tanto divina quanto humana; bem como a sua localização específica no tempo e no espaço, em Jerusalém durante o Império Romano. Em outras palavras, nesse homem está convergindo céus e terra.

E a forma que habitamos nesse mesmo espaço-tempo é por meio da Ceia do Senhor. Como Shatzer afirma, “a Ceia do Senhor, com as suas indicações para o passado, o presente e o futuro da obra de redenção de Deus, chama-nos a olhar e a estar unidos com os nossos irmãos e as nossas irmãs em Cristo”.⁴⁹ Somente nesse momento especial conseguimos coabitar juntamente com nossos irmãos. Na Ceia, nos unimos aos outros que estão se alimentando do mesmo Cristo que todos nós, e ali, na mesa da comunhão, nos reunimos com irmãos e irmãs distantes por milhares de quilômetros, vivos e mortos, no mesmo espaço-tempo. Como bem coloca Tish Warren, estamos, nesse momento, ligados a “todos os crentes ao redor do mundo e ao longo do tempo”.⁵⁰ Ela traz a analogia de uma mesa estendida por muitos quilômetros, onde estão ceando todos os que estão em Cristo.

A analogia da mesa é fundamental para a comunhão com Cristo e nossos irmãos; além disso, como nos conta Burdett, a Igreja é uma espécie de “caldeirão da metanoia onde a totalidade de si – intelectual, moral, espiritual, afetiva – é conformada a Cristo”.⁵¹ Ela representa o epicentro da transformação, tanto a nível comunitário quanto pessoal;⁵² desse modo, a Ceia tem o poder de unir uns aos outros e também de nos unir a Cristo, e ainda gera um espaço criativo que nos permite contrapor às práticas do mundo virtual.

Dentre todas as práticas da igreja, que são importantes para essa criação de hábitos opostos à desencarnação e fragmentação trazidas pelo meio digital, a Eucaristia, ou Ceia do Senhor, se destaca como a mais importante, uma vez que “localiza esta presença transformadora de forma precisa e robusta”.⁵³ Ou seja, ela é um locus para o problema da falta de corporeidade que se apresenta na realidade virtual e a união em um contexto fragmentado. Pão e vinho, elementos comuns, mas revestidos pelo simbolismo cristão, ancoram a realidade. O poder da presença de Cristo faz com que tempo e espaço convirjam ao local onde a mesa do Senhor é estendida. Se a Igreja, como corpo de Cristo, é o local, Cristo é o modelo de humanidade a ser seguido em um ambiente virtual tão inóspito.

Pão e vinho, elementos comuns, mas revestidos pelo simbolismo cristão, ancoram a realidade. O poder da presença de Cristo faz com que tempo e espaço convirjam ao local onde a mesa do Senhor é estendida.

Para que isso ocorra, deve haver, como proposto por Shatzer, uma cultura de mesa. Borgmann a define como “a preparação cuidadosa e a celebração diária ou festiva de refeições”.⁵⁴ Essa atenção dedicada à preparação e celebração das refeições se inicia em família, se estende à Ceia do Senhor e extrapola, nas palavras de David Schindler, para círculos cada vez maiores, convidando o mundo e “estendendo a ‘comunidade de pessoas’ que existe na família – e que reflete a vida trinitária – para o mundo inteiro”.⁵⁵

Comer e beber juntos tem a capacidade de mudar o modo como agimos e pensamos, além de ser uma prática que contribui para a formação de uma família e para a formação do corpo social nas igrejas locais que celebram a Comunhão juntas, como salienta Shatzer.⁵⁶

Entretanto, para que a comunhão seja plena, além da cultura da mesa, é essencial considerar o caminho. Esse era o nome que os cristãos davam à fé cristã em seu início, pois era no caminho que homens e mulheres se encontravam e onde Cristo buscou seus discípulos. Todos foram encontrados no caminho onde Ele haveria de passar. A narrativa dos discípulos no caminho de Emaús, conforme registrado no livro de Lucas,⁵⁷ destaca a interligação da mesa e do caminho.

Desesperançados após a morte de Jesus, dois discípulos saíram da comunhão da Igreja que nascia em Jerusalém. No caminho, o Cristo ressurreto apareceu, fazendo perguntas cujas respostas já sabia, mas valorizando o fato de ouvi-los. Nenhum dos dois pôde reconhecê-lo, pois “seus olhos estavam fechados”.⁵⁸ Sua identidade permaneceu oculta até o momento da partilha do pão, quando os olhos dos discípulos são abertos e eles veem e compreendem tudo o que as Escrituras haviam dito sobre aquele momento. Foi nesse instante que passaram a enxergar que a nova criação havia começado.

O que é marcante nessa história é que Jesus vai buscá-los no caminho e reconta a história de Israel por uma nova perspectiva.⁵⁹ Porém, isso ainda não é o suficiente para restabelecer a comunhão; em outras palavras, foi necessária a mesa da Ceia para que eles pudessem retornar a Cristo. O próprio Jesus demonstra que estabeleceu uma nova forma de acesso a Ele, por intermédio da Sua Igreja, na Ceia do Senhor.⁶⁰ Nesse sacramento, os olhos são abertos, e a comunhão com os irmãos de Jerusalém e de todo o mundo é restabelecida. A dupla missão de Cristo e Sua Igreja é revelada: ir ao Caminho para que os perdidos possam ser achados e suas tristezas, compartilhadas; mesa para que, olho no olho, Cristo seja revelado ao coração.

Esse relato nos ensina que todo ser humano, que está se fragmentando e cada vez mais isolado pela virtualização da vida, necessita ser alcançado no caminho, a fim de que tenha suas dúvidas e dores ouvidas, e também para que tenha  um ombro que estará lado a lado para consolá-lo. Entretanto, isso não é o bastante. É necessário o calor da mesa, do face a face, da Igreja para que a comunhão seja estabelecida. Essa é a maior lição que podemos tirar desse relato emocionante de como Jesus vai buscar o perdido e se assenta com ele.

Esse relato nos ensina que todo ser humano, que está se fragmentando e cada vez mais isolado pela virtualização da vida, necessita ser alcançado no caminho, a fim de que tenha suas dúvidas e dores ouvidas, e também para que tenha um ombro que estará lado a lado para consolá-lo.

Considerações finais

Em última análise, a era digital, marcada pela onipresença da comunicação a distância e das redes sociais, redefiniu fundamentalmente a natureza dos relacionamentos humanos. A ilusão da conectividade global e instantânea, inicialmente encarada com otimismo, revela-se incapaz de suprir a necessidade intrínseca de autenticidade e proximidade. A realidade virtual, ao diluir as fronteiras entre o real e o virtual, desafia a autenticidade das relações, transformando a vida social em um espetáculo desmaterializado.

Observamos que os meios digitais, embora facilitem a comunicação entre os seres humanos, tendem a fragmentá-los e isolá-los, fazendo com que os relacionamentos se tornem efêmeros. Sendo assim, precisamos de um modelo que nos ajude a retornar à corporeidade nas relações humanas, e encontramos isso no Cristo encarnado, o qual integra espaço-tempo, corpo, espírito e racionalidade de maneira integral. Nesse cenário, a igreja emerge como local que gera o ambiente que proporciona esse encontro, uma vez que nela aprendemos as práticas e, principalmente, é onde a Mesa do Senhor é servida e onde podemos estar unidos uns aos outros e com Cristo. A mesa é o local do encontro face a face na igreja, como o meio fundamental para estabelecer a comunhão genuína. Contudo, ela precisa ser complementada pelo “caminho” – a abordagem ativa, a compreensão e o consolo aos perdidos e isolados na virtualização.

Nesse contexto, a Ceia do Senhor emerge como um símbolo poderoso dessa união, convergindo espaço e tempo para conectar os crentes, tornando-se um antídoto essencial para as práticas fragmentadoras do mundo virtual. A lição fundamental é que, embora a tecnologia proporcione formas eficazes de comunicação, é na experiência corporal e presencial, especialmente na comunhão cristã, que encontramos a verdadeira cura para a fragmentação e a solidão da era digital. A mesa e o caminho se entrelaçam, juntamente com Cristo, criando um modelo completo para resgatar a autenticidade das relações humanas, proporcionando, assim, cura e restauração para uma sociedade cada vez mais desconectada.

 

Referências

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Os conteúdos das publicações da revista digital Unus Mundus são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a visão da Academia ABC².

* Ensaio classificado em 2º lugar na 3ª chamada de Ensaios do Radar ABC².

1. Shatzer, 2019, p. 143.

2. Ibidem, p. 145.

3. Zizek, 2002, p. 11-14.

4. Han, 2016, p. 59.

5. Keen, 2012, p. 115.

6. Han, 2016, p. 60.

7. Bauman, 2001, p. 22.

8. Mcluhan, 2013, p. 8.

9. Mcluhan, 1967.

10. Mcluhan, 2013, p. 8-9.

11. Han, 2016, p.11.

12. Ibidem.           

13. Ibidem, p. 86.

14. Han, 2017.     

15. Ibidem, p. 37.

16. Ibidem, p. 15.

17. Shatzer, 2019, p. 150.

18. Han, 2016, p. 34.

19. Fuchs, 2021, p. 97.

20. Ibidem, p. 97-98.

21. Han, 2016, p. 23.

22. Eason, 2020, p. 22.

23. Cigna Newsroom, 2020.

24. Lengacher, 2015.

25. Paulas, 2014.

26. Santana, 2023.

27. Ibidem.          

28. Methodist Church of Great Britain, 2023.

29. Pontifício conselho para as comunicações sociais, 2002.

30. Prichett, 2020.

31. Bomilcar, 2021, p. 78.

32. João 1.14.

33. Ver: Filipenses 2.7.

34. Wright, 2008.

35. Romanos 8.29.

36. Efésios 4.13.

37. Calvino, 2002, p. 4.

38. Ver: Wright, 2009; Bomilcar, 2021.

39. Burnett, 2021.

40. Descartes, 2015, p. 56.

41. Smith, 2018, p. 43.

42. Ibidem, p. 43.

43. Mcluhan, 2013, p. 19.

44. Schuurman, 2013, p. 61.

45. Johnson, 2019, p. 68.

46. O’Brien, 2021.

47. Ver: Lanier, 2010.

48. Ver: Ecclesia.

49. Shatzer, 2019, p. 154.

50. Warren, 2021, p. 166.

51. Burdett, 2019, p. 10.

52. Ibidem.              

53. Ibidem.              

54. Borgmann, 2003, p. 121.

55. Schindler, 2000, p. 54.

56. Shatzer, 2019, p. 155.

57. Lucas 24.13-35.

58. Lucas 24.16.   

59. Lucas 24.27.    

60. Wright, 2004, p. 297.

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