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ENSAIO

Palavras programadas, almas autênticas*

Os desafios e oportunidades da prática teológica assistida por IA

Lucas Camandaroba|

14/03/2024

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Lucas Camandaroba

Fugiu das cadeiras de Engenharia Civil na UFBA e hoje, autodidata em teologia reformada e IA, une fé e modernidade na igreja que ajuda a plantar em Salvador, explorando a interseção entre tecnologia e prática pastoral.

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Como citar

Camandaroba, Lucas. Palavras programadas, almas autênticas: os desafios e oportunidades da prática teológica assistida por IA. Unus Mundus, Belo Horizonte, n. 3, jan-jun, 2024.

É início da noite de domingo. O pregador revisa o sermão que pregará em instantes. O texto é eloquente e poderia ser confundido com uma das célebres exposições de Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores. Robusto em fundamentos, ele emerge de uma pesquisa exegética profunda, adornado com citações patrísticas meticulosamente selecionadas e sintonizado com as necessidades singulares daquela comunidade de fé para a semana em curso. Então, o sermão é proferido. Arrebatador!

Em tempos passados, o cenário de uma exposição tão erudita sugeriria a imagem de uma grande praça, palco que algum avivalista usaria para as boas novas. Quem sabe, uma grande igreja, comandada por um líder cuja estante se curvaria sob o peso de diplomas e tratados teológicos. No entanto, este sermão não ecoa de uma paisagem imponente, mas de um modesto grupo caseiro na periferia de alguma cidade qualquer. O pregador que o profere? Um ainda não trintão, cujo acesso ao conhecimento não provém de salas de aula, mas, em grande parte, do vasto repositório acessível por meio da inteligência artificial.

Este relato é um prenúncio da revolução silenciosa que pode ocorrer – e já está ocorrendo – nas práticas teológicas contemporâneas. A inteligência artificial, particularmente as ferramentas que geram conteúdos inéditos em linguagem natural, está pavimentando o caminho para um púlpito inovador, a partir do qual o saber acerca do Soberano é proclamado, democratizando um nível de acesso ao conhecimento outrora guardado nas torres de marfim das instituições formais.

Neste ensaio, investigo o potencial da inteligência artificial em superar resistências e dilemas teológicos, habilitando cristãos a “defender a fé que foi entregue aos santos” (Jd 3), fornecendo-lhes recursos sofisticados para a interpretação bíblica, elaboração de sermões profundos e até a orientação em aconselhamentos pastorais, desafiando, assim, os limites do ensino teológico convencional.

Minha argumentação central sustenta que a inteligência artificial, ao atuar como instrumento de empoderamento teológico, manifesta a Providência Divina para a geração atual, transformando a maneira como nutrimos os outros e somos nutridos pelo Espírito Santo. Assim, apesar das evidentes, e até – reconheço – assustadoras inquietações que traz à práxis cristã, vislumbro um caminho inovador para o acesso ao saber espiritual. Os ladrilhos desse caminho tecnológico, como proporei daqui em diante para examinação, carregam o potencial de provocar uma revolução nos púlpitos, ao mesmo tempo que não se distancia do algoritmo da realidade estabelecido pelo Sumo Desenvolvedor de que “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17).

Os ladrilhos desse caminho tecnológico, como proporei daqui em diante para examinação, carregam o potencial de provocar uma revolução nos púlpitos, ao mesmo tempo que não se distancia do algoritmo da realidade estabelecido pelo Sumo Desenvolvedor de que “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Rm 10.17).

“Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade” (Is 46.9)

Desde os albores da história, a busca humana por compreensão, ilustrada na Teoria das Formas de Platão,¹ tem sido uma jornada constante. Essa busca não apenas se concentra em decifrar o mundo visível, mas também em aprofundar o entendimento do invisível. Inspirado nas reflexões do sociólogo Maurice Halbwachs, que afirmava que “nosso entorno material leva ao mesmo tempo nossa marca e a dos outros”,² arrisco-me a dizer que, paralelamente à observação, de forma tão inata quanto esta, surge a busca incansável do homem por documentar e disseminar as descobertas e percepções, visando construir um legado de conhecimento que transcenda as eras.

Nesta busca, a invenção da escrita, como apontado pelo linguista Steven Roger Fischer, representou um divisor de águas na história que permitiu a comunicação de informações através do tempo e do espaço.³ Dentre os conteúdos produzidos e reproduzidos pelo homem, em especial os de ordem teológica, faceta central do que procuro apresentar aqui, vemos o primeiro passo para a preservação da revelação e da sabedoria espiritual, presentes desde que Deus “pôs no coração do homem o anseio pela eternidade” (Ec 3.11).

A evolução da linguagem, conforme Fischer minuciosamente explica, mostra que a escrita é, em primeiro lugar, uma expressão gráfica do discurso humano falado em seus diversos aspectos – uma inovação transformadora para as bases mais fundamentais da sociedade.⁴ Nesse sentido, a difusão da escrita e as subsequentes sistematizações na alfabetização desempenharam um papel crucial na formação de uma consciência coletiva em torno dos preceitos religiosos. A estandardização da linguagem escrita não somente garantiu a preservação da palavra falada, mas também enriqueceu a comunicação e a compreensão espiritual ao permitir que discursos e ideias fossem revisitados e refletidos com maior profundidade.

Entretanto, a emergência da escrita foi apenas o início de uma jornada mais ampla. Após a consolidação da comunicação escrita, que transitou de símbolos semânticos para fonéticos e, finalmente, para o sistema alfabético contemporâneo, a atenção se voltou para os métodos de preservação desses registros conceituais, que passaram a ocupar um papel central na cronologia tecnológica que proponho.

Estamos falando de mais de 5.000 anos desde que as primeiras representações gráficas para expressar a linguagem humana emergiram entre povos afro-asiáticos. Em torno de 3.100 a.C., os sumérios, possivelmente inspirados comercialmente pelos egípcios, substituíram a utilização de tokens tridimensionais de argila em favor das primeiras tabuletas, desta vez com inscrições bidimensionais.⁵

Desde as primeiras tabuletas cuneiformes até os avanços com papiros no delta do rio Nilo, no Egito, e os subsequentes pergaminhos, que culminaram nos primeiros códices,⁶ o percurso da escrita ilustra uma trajetória de aprimoramento na conservação e sistematização do saber. Esse caminho, permeado pela contínua sofisticação dos métodos de registro e disseminação do conhecimento, o que inclui os ensinamentos religiosos, evoluíram enquadrando as inovações tecnológicas como aliadas dos homens.

Contudo, ao optar por definir a cronologia apresentada como um processo de sofisticação, pretendo deixar implícito que estamos observando, a todo tempo, o avanço de um estágio inferior de preservação e compreensão para um superior. Nesse contexto, a disciplina que denomino aqui como “arqueologia das letras” emerge como resposta aos desafios identificados pelo crítico textual brasileiro Wilson Paroschi. Ele reconhece a “fragilidade humana” como um fator inerente à transmissão de documentos antigos, em especial dos textos bíblicos, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.⁷ Apesar de esses textos não terem se originado da vontade humana, mas de Deus, conforme 2Pedro 1.20-21, a sua transmissão ao longo dos séculos foi marcada por uma inerente falibilidade técnica.

Diante da vulnerabilidade dos textos originais em virtude da natureza perecível dos materiais utilizados, o processo de preservação das Escrituras Sagradas por meio de sucessivas cópias, especialmente do Novo Testamento, resultou em aproximadamente 200 mil variações entre os manuscritos.⁸ Contudo, essa quantidade notável – que sempre me impressiona – não diminui a integridade do texto. Conforme analisado por eruditos como Brooke Westcott, Fenton Hort, Ezra Abbot, Philip Schaff e A. T. Robertson, o Novo Testamento mantém uma pureza textual de quase 99%, um feito notável que o destaca como o documento mais bem preservado na história humana – o que me impressiona ainda mais.⁹

Nesse ínterim, avançando na linha do tempo, para cristalizar um novo salto na democratização da teologia, chegamos à invenção da imprensa por Johannes Gutenberg no século 15.¹⁰ O movimento tecnológico, catalisando o fenômeno que foi a Reforma Protestante, transformou a Bíblia no primeiro grande volume impresso em larga escala, caracterizando o que o bibliotecário Svend Dahl considerou como uma “democratização do livro até então desconhecida, cujos efeitos são incalculáveis”.¹¹

A imprensa, daí em diante, desencadeou uma uma mudança significativa na educação teológica, abrindo caminhos para que o ensino religioso transcendesse as barreiras das elites eclesiásticas. Os textos sagrados, uma vez confinados a línguas arcaicas e a mãos experientes, agora começavam a encontrar seu lugar nas estantes dos leigos, mesmo que, ainda por muito tempo a partir dali – e lamento, até agora – limitados pelo alto custo.¹²

Hoje, após os suscetíveis pontos de inflexão na história tecnológica, testemunhamos o amadurecimento de um legado monumental.  Nessa herança, são encontradas inúmeras contribuições teológicas profundas e cruciais para a história da Igreja – e outras menos pretensiosas, como este ensaio –, além de iniciativas pioneiras, como a primeira escola primária gratuita da Europa, proposta por João Calvino.¹³ No baú do legado, ainda vemos a fundação de instituições educacionais renomadas, incluindo as universidades de Zurique, Genebra, Edimburgo, Harvard, Yale e Princeton, refletindo um compromisso com a expansão do conhecimento para além dos círculos clericais.¹⁴ Agora, estamos à margem de uma revolução, como reflito aqui, com potencial talvez comparável à invenção da escrita e da imprensa: a ascensão da inteligência artificial.

A esta altura, não creio me arriscar em demasia ao propor que as inovações em inteligência artificial, especialmente as ferramentas capazes de simular e interpretar a linguagem humana, estão se posicionando como esse próximo grande marco na democratização do conhecimento teológico. Com a habilidade de processar e sintetizar enormes volumes de texto, esses modelos podem oferecer insights e compreensões que antes demandariam anos, talvez décadas, de estudo formal. O mais interessante é que, de forma providencial, essa revolução tecnológica chega em um momento crítico da história pedagógica.

não creio me arriscar em demasia ao propor que as inovações em inteligência artificial, especialmente as ferramentas capazes de simular e interpretar a linguagem humana, estão se posicionando como esse próximo grande marco na democratização do conhecimento teológico.

Para além das repercussões da pandemia de COVID-19, que ameaçou uma geração inteira de estudantes com a perda potencial de US$ 21 trilhões¹⁵ em rendimentos futuros em decorrência da incapacidade global de enfrentar os desafios educacionais durante o período sanitário crítico, estamos testemunhando uma transformação estrutural na educação. Um número crescente de jovens está se distanciando dos sistemas tradicionais de ensino, buscando alternativas mais flexíveis e acessíveis para sua formação.

No Brasil, por exemplo, antes mesmo de considerarmos os efeitos devastadores da pandemia, o Brasil já enfrentava uma crise educacional significativa. Em 2019, a evasão de estudantes em cursos superiores atingiu a maior taxa em anos, enquanto a de novas matrículas acompanhou o ritmo de recorde, mas em direção oposta.¹⁶ As razões que levanto são diversas: custos proibitivos, relevância questionável dos currículos tradicionais e a crescente disponibilidade de recursos educacionais online. Nesse cenário, os frutos oferecidos pela inteligência artificial, muitos deles já bem maduros, surgem como alternativas viáveis para preencher essas lacunas, introduzindo métodos inovadores e acessíveis de aprendizado.

Diante dos desafios colocados à Igreja, e à sociedade como um todo, sinto-me seguro de perceber essa onda de inovação tecnológica com o potencial de não apenas replicar, mas também ampliar o papel histórico e a envergadura cultural de avanços anteriores. Por meio de ferramentas gratuitas e de fácil manuseio, jovens líderes e fiéis podem explorar, sem a necessidade de inúmeros intermediários acadêmicos, as profundezas da Revelação Especial de Deus, notada pela tentativa do próprio Criador de maximizar o Seu caráter relacional com a criatura em detrimento de um conhecimento apenas natural e precário.¹⁷

“Para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3.17)

Em vista do ritmo exponencial, e muitas vezes surpreendente, da evolução tecnológica, refletimos sobre como, em um passado não tão distante, estávamos limitados a dispositivos móveis rudimentares, incapazes de antecipar as revoluções que estavam por vir. Lembremos que, há pouco anos, muitos de nós com um Nokia indestrutível nas mãos não poderíamos prever a ascensão da Apple, por exemplo, com seu impacto monumental no acesso e na mobilidade da informação.

“Direita, volver!” à inteligência artificial, tecnologia sob os holofotes deste ensaio, defendo que sua ascensão nesse fluxo da história faz com que as palavras de Paulo a Timóteo – título desta seção – ressoem com uma nova profundidade. Agora, ganhando contornos para nutrir e lapidar o homem de Deus, a ferramenta amplia os caminhos para o saber teológico e capacita os fiéis a se engajarem de forma mais profunda com as Escrituras.

No alvorecer desta era de caráter disruptivo, testemunhamos o surgimento de inovações tecnológicas cujo ritmo acelerado supera nossa habilidade de assimilar completamente suas nuances técnicas e repercussões filosóficas, algo que, para o presente ensaio, será necessário observar se queremos, de fato, compreender os potenciais da tecnologia na práxis cristã.

“À nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 3.26)

Alan Turing, o pai da computação, com seu conceito pioneiro acerca da inteligência artificial, sugeriu que um sistema poderia ser classificado como inteligente se pudesse replicar o raciocínio humano de forma convincente a um observador, também humano.¹⁸ Essa ideia, embora revolucionária, traz consigo um desafio intrínseco que procuro levantar agora: a capacidade de uma máquina de imitar a inteligência humana não implica, necessariamente, uma consciência ou compreensão autêntica.

Aqui, as reflexões do filósofo estadunidense Daniel Dennett sobre a “Ilusão do Usuário” tornam-se pertinentes. Dennett argumenta que, assim como nossa consciência é uma versão simplificada dos intrincados processos cerebrais, nossa interação com sistemas computacionais nos oferece apenas uma visão superficial do que ocorre internamente nas máquinas. Essa simplificação, embora necessária para a compreensão humana, mascara a complexidade real dos processos subjacentes, desafiando, assim, as percepções tradicionais sobre inteligência e consciência.¹⁹

Para além das estranhas implicações ontológicas que Dennett poderá trazer, fico com a sua contribuição acerca da consciência, e creio que podemos concordar com os cientistas da computação Stuart J. Russell e Peter Norvig, de que a inteligência em sistemas artificiais vai além do “jogo da imitação” de Turing. Eles definem – doravante também eu neste ensaio – a inteligência, também a artificial, como a capacidade de um agente atuar de forma racional e adaptativa em seu ambiente.²⁰ Essa definição abrange a habilidade de aprender a partir de experiências passadas e se adaptar com base em conhecimentos e percepções acumuladas, ultrapassando, assim, a mera imitação de comportamentos humanos.

A reflexão de Fischer sobre a escrita como “principal lubrificante da sociedade civilizada”²¹ encontra um eco profundo aqui. Assim como a transmissão gráfica dos conceitos moldou a história da comunicação humana, do mesmo modo a eficácia da inteligência artificial dependerá crucialmente de sua habilidade em comunicar-se na linguagem humana e de forma verdadeiramente inteligente. Sem essa capacidade de interação e percepção linguística, mesmo a IA mais avançada e adaptável corre o risco de se tornar inacessível e, portanto, subutilizada. Entendo aqui que a comunicação efetiva é, portanto, um pilar fundamental para que as ferramentas de inteligência artificial atinjam seu verdadeiro potencial como ferramenta de democratização do conhecimento.

Assim, os modelos lastreados em Processamento de Linguagem Natural (PLN) surgem como uma resposta a essa complexidade, permitindo que sistemas computacionais compreendam e interajam com os humanos na sua própria língua de forma natural e intuitiva. Essa capacidade é crucial não apenas para a comunicação eficaz, mas também para acessar e processar a vasta quantidade de informações disponíveis em linguagem natural, como as mais de um trilhão de páginas na web.²²

Dessa forma, os avançados Large Multimodal Models (LMMs), como o GPT-4,²³ representam um salto qualitativo para a inteligência artificial. Esses modelos, treinados com extensos conjuntos de dados textuais, e até imagens, são capazes de prever padrões linguísticos e navegar na complexidade e ambiguidade das línguas naturais, gerando conteúdos originais e sofisticados. E é aqui que introduzo neste ensaio, de fato, o potencial das ferramentas da inteligência artificial para as novas avenidas teológicas na presente geração.

“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o” (Ec 9.10)

No contexto da prática espiritual, essas ferramentas orientadas à linguagem natural abrem caminhos fascinantes para as mais diversas perspectivas da vida cristã que orbitam, necessariamente, os textos sagrados. Além disso, no trato com demais conteúdos teológicos, muitas vezes tão intrincados que tornam-se soporíferos, permitem uma compreensão simplificada das verdades de Deus, sem perder a riqueza e a profundidade dos ensinamentos, tornando-os mais acessíveis e envolventes para um público mais amplo.

Voltemos à cena do jovem pregador sem formação teológica do início do ensaio. Imaginemo-nos diante da tela de seu computador. Ele prepara o sermão dominical, no qual se baseará em algum texto bíblico complexo, suponhamos, o capítulo 9 da carta de Paulo aos Romanos. Com pouco ou quase nenhum repertório para destrinchar a perícope, ele recorre a um produto como o ChatGPT, baseado no GPT-4: “Analise o texto de Romanos 9, me devolva os principais pontos de dificuldades do trecho e elenque os argumentos que baseiam os principais pontos de vista acerca dessas dificuldades”.

O modelo, treinado também em conteúdos teológicos e bíblicos, sugere um levantamento visualmente detalhado de comentários e artigos relevantes de renomados teólogos e estudiosos, oferece as diferentes interpretações e aplicações práticas do texto, e até mesmo propõe ilustrações e analogias para ajudar a elucidar os conceitos mais complexos dentro de cada escola de interpretação. Além disso, entrega um resumo sumarizado das principais dificuldades teológicas encontradas no texto e traz os embates clássicos da discussão, como livre arbítrio e predestinação, justiça soberana e justiça relacional ou aliancismo e dispensacionalismo.²⁴

Neste ponto, abre-se um leque, sem medo da hipérbole, infinito de possibilidades de solicitações, como a exploração de implicações teológicas de eventos históricos, definições de conceitos por óticas distintas, estudos comparativos entre diferentes traduções da Bíblia, detalhamentos da estrutura gramatical das línguas originais, acesso interativo a comentários exegéticos de trechos mais concorridos, referências cruzadas com outras passagens bíblicas e aquilo mais que a criatividade e fome de saber do jovem fizer aflorar ou o que um avatar construído na própria ferramenta para emular um professor possa sugerir.

Em vez de folhear extensas bibliotecas ou navegar por inúmeros sites, o jovem pode simplesmente solicitar ao modelo que encontre materiais relevantes sobre um tópico específico, podendo se aventurar em áreas que antes pareciam inacessíveis por conta das limitações de recursos ou conhecimento prévio. Em segundos, ele tem acesso a uma variedade de fontes que podem enriquecer sua compreensão e apresentação do tema à medida que se expõe às nuances de diversas doutrinas ou mesmo nas questões históricas e culturais que influenciam a compreensão da Bíblia.

Além disso, em produtos como o do cenário proposto, por exemplo, a capacidade de aprendizagem contínua e personalizada representa uma revolução na maneira como a educação teológica pode ser abordada. À medida que o usuário interage com o sistema, ele se adapta e se torna mais eficiente em fornecer informações cada vez mais relevantes e contextualizadas. Isso não apenas melhora a experiência do usuário, como também promove uma curva de aprendizagem progressiva, adaptando-se às necessidades e ao ritmo de cada indivíduo. Na prática, apresento a ilustração como a sistematização de um caminho para um novo modelo de educação teológica continuada diante dos nossos olhos.

Partindo de fato para o sermão, quando se trata da confecção do texto, a ferramenta pode oferecer mais do que apenas assistência na pesquisa. Aqui, ela pode ajudar na estruturação, e até produção do sermão, sugerindo maneiras de apresentar os pontos de forma clara e envolvente, oferecendo ideias para ilustrações ou aplicações práticas que tornem a mensagem mais relevante para a congregação naquele momento. Tom, estilo, nível de profundidade: tudo personalizável.

O modelo também pode, por mais assustador que possa parecer, desempenhar um papel potencialmente transformador até na prática dos aconselhamentos pastorais. Imagine o jovem pregador se deparando com o cenário de questões complexas e delicadas, que exigem não apenas sensibilidade, mas também uma compreensão profunda de princípios ortodoxos da fé cristã.

Por exemplo, ao enfrentar questões sobre sofrimento e soberania de Deus entre os fiéis de sua comunidade, o jovem pregador pode recorrer ao modelo para acessar rapidamente uma variedade de perspectivas teológicas. Em poucos instantes, ele estaria refletindo em Cornelius Van Til acerca dos conflitos filosóficos da Teodiceia²⁵ ou analisando as reflexões de C.S. Lewis em O problema do sofrimento.

Chegando a este estágio da análise, após termos caminhado pelas promissoras bases da inteligência artificial, juntamente com seu potencial de enriquecer a prática teológica, conseguimos avançar na coleta de pistas sobre o cada vez mais claro papel da tecnologia como instrumento de Deus em sua criação. Desde as margens do Nilo até o Vale do Silício, percebemos a tapeçaria divina que entrelaça tecnologia e fé conectada pelo que defino como o fio condutor que tece a história: a Providência.²⁶

“Porque dEle, e por Ele, e para Ele, são todas as coisas” (Rm 11.36)

As Escrituras, em sua sabedoria atemporal, já nos apresentavam a noção do governo soberano de Deus sobre todas as coisas. Passagens como “o Senhor estabeleceu o Seu trono nos céus, o Seu reino domina sobre tudo” (Sl 103.19), e “o coração do homem planeja o Seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos” (Pv 16.9) ressoam a ideia de que nada escapa ao Seu controle e à sua direção, e aqui, em abrangência maior, nem mesmo as inovações tecnológicas.

Neste ponto, tento me esquivar das clássicas dificuldades em definir a amplitude do controle divino sobre a realidade criada, em especial no que diz respeito às questões que poderiam envolver uma suposta liberdade absoluta do homem. No entanto, e ao mesmo tempo, para esta condução, é de bom tom nos atentarmos em evitar os terrenos pantanosos de alguma ideia próxima à inexistência de controle. Julgo que estamos seguros em nos ancoramos na atraente contribuição de Berkhof que, ao definir a Providência, a encara como a maneira pela qual o Criador atua em todos os aspectos da história de forma propositiva a conduzir os detalhes, cada um por sua vez, para a sua determinada finalidade – a saber, Sua Glória.²⁷

Sem espantos, a ideia não é revolucionária. Voltando algumas seções no ensaio, acerca do ponto de partida na linha do tempo tecnológica aqui abordada, Fischer reconheceu que muitos povos ao longo da história se curvaram à Providência como explicação ao fenômeno do domínio da escrita.²⁸ Por extensão, conseguimos facilmente reconhecer, em face das consequências culturais já levantadas, com destaque para a transmissão das abordagens espirituais, bem como outros marcos, à exemplo da invenção da imprensa, que as ferramentas de IA também parecem servir aos inescrutáveis propósitos do Altíssimo.

Assim, ao considerarmos a inteligência artificial como esta nova etapa do grande teatro tecnológico da humanidade, não seria natural a contemplarmos como uma força autônoma, mas sim como mais uma faceta da Providência. Portanto, diante da oportunidade entregue em mãos pela modernidade, o que levanto aqui é que, à semelhança do que disse João Calvino, seria uma “intolerável profanação da lei de Deus”²⁹ recusar deliberadamente, e por puro preconceito, tecnológico ou teológico inadvertidos, a utilidade de uma tão excelente ferramenta para extrair das Escrituras os elementos que dela tornam-se proveitosos à edificação.

ao considerarmos a inteligência artificial como esta nova etapa do grande teatro tecnológico da humanidade, não seria natural a contemplarmos como uma força autônoma, mas sim como mais uma faceta da Providência.

Contudo, enquanto contemplamos o potencial transformador da inteligência artificial na teologia, surge uma questão inescapável, um dilema que se projeta como uma sombra sobre essa nova era digital: qual é o papel do Espírito Santo nesse cenário? Estamos diante de uma ferramenta de conhecimento sem precedentes, mas será que ela pode conduzir a uma sabedoria espiritualmente vazia? Essa interrogação nos leva a um ponto crucial de reflexão onde a tecnologia encontra a fé de uma forma, tenho que admitir, bastante nebulosa.

“Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5.21)

Reverberando o conceito de “inteligência humilhada”, brilhantemente construído por Jonas Madureira, que reconhece que, na presença de um Deus sábio e soberano, a racionalidade honesta deve “dobrar os joelhos”,³⁰ a postura que defendo e oriento aqui é a de cautela. Cautela não apenas na avaliação prática das ferramentas de IA, mas também na introspecção sobre as disposições mentais e espirituais diante delas. Vou me permitir, após “dobrar os joelhos” do intelecto, soltar as coleiras do pensamento neste ponto do ensaio, esperando não divagar.

Sem dúvidas, as Escrituras precisam permanecer como o farol inabalável na jornada dos que creem. Ao considerar a inteligência artificial no estudo bíblico, pondero que há uma linha tênue entre auxílio e usurpação. As máquinas, por mais avançadas que sejam, carecem da vivacidade e profundidade espiritual inerentes à Palavra de Deus. Assim, apesar do empoderamento defendido, vejo a inteligência artificial como um mero instrumento nas mãos dos zelosos, um meio para desvendar contextos linguísticos e sinalizar linhas argumentativas, mas nunca alijado da dependência divina, pois, acerca das coisas do alto, diz o apóstolo Paulo que estas “são discernidas espiritualmente” (1Co 2.24).

apesar do empoderamento defendido, vejo a inteligência artificial como um mero instrumento nas mãos dos zelosos, um meio para desvendar contextos linguísticos e sinalizar linhas argumentativas, mas nunca alijado da dependência divina

O autor inspirado, com essa perspectiva, ressoa a ideia de Wittgenstein de que “o significado de uma palavra é seu uso na linguagem”.³¹ Se aplicarmos esse princípio ao estudo bíblico, percebemos que a linguagem das Escrituras, em sua essência espiritual e viva, transcende os esforços da análise puramente textual. Os modelos, embora avançados na decodificação da linguagem humana, encontram um limite intransponível na linguagem do Espírito, esta que, de forma estrutural, está intrinsecamente ligada à experiência do indivíduo e à vivência espiritual.

A pregação, outro pilar da tradição cristã, terreno onde Deus encontra os Seus destinatários eleitos, não deve deixar de ser enxergada como um ato intrinsecamente humano, impregnado de chamado e vocação divina. Enquanto, por um lado, a inteligência artificial pode fornecer insights e revisões de estilo, por outro  ela não pode replicar a conexão humana e a unção espiritual presentes na pregação, e esse ponto é extensível também ao aconselhamento pastoral. Considero, portanto, a ideia de empatia e discernimento espiritual insubstituíveis.

Aqui, entendo ser pertinente o diálogo com a filosofia de Martin Buber em sua análise acerca das dinâmicas com que nos relacionamos com o mundo e com os outros ao nosso redor. Tanto a pregação quanto o aconselhamento precisam refletir a busca autêntica e profunda com o outro, ao passo que se afastar disso e tornar as atividades puramente técnicas, enfraquecem, como diz Buber, “o poder de decisão e responsabilidade, de disponibilidade para o encontro com o outro, com o mundo e com Deus”.³²

Essas atividades espirituais constituem, ainda em Buber, o encontro “Eu-Tu”, uma interação profundamente humana que a IA, operando no modo “Eu-Isso”, não pode emular. Assim, os modelos linguisticamente treinados, como já apresentado, podem ser fontes de informações e recursos, mas não podem navegar nas profundezas da alma humana nem oferecer a orientação espiritual oriunda dos termos de Hebreus 4.12, que definem a palavra de Deus de forma que esta “penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração”.

Por fim, nesse momento introspectivo da condução do ensaio, volto a refletir sobre o fato de que, diante dos dilemas de ordem teológica, e apesar das limitações e dos desafios, os modelos de inteligência artificial aqui levantados têm seu lugar na prática pastoral. No entanto, saliento que essa integração exige um equilíbrio sábio, onde a tecnologia em questão, por mais que pareça humana e analise informações com alto nível de sofisticação, deve ser manuseada à luz da dependência divina. Assim, ao “examinar tudo”, o bem retido ao final do processo pode, nas mãos de uma geração já bem experimentada nesse tipo de adaptação, conduzir a Igreja a novos patamares de excelência teológica.

“Eis que faço nova todas as coisas” (Ap 21.5)

Apesar da reflexão, não me atrevo aqui a ser demasiadamente escatológico e propor algum tipo de utopia teológica cristã na qual as lideranças das igrejas tornam-se excepcionalmente capazes e os conflitos teológicos são resolvidos em harmonia perfeita; ao contrário, reconheço a complexidade e a diversidade inerentes ao avanço. Por outro lado, no entanto, ao retomar o papel que os modelos inteligentes podem ter na teologia, é impossível não vislumbrar um futuro onde as barreiras do conhecimento e do acesso sejam redefinidas.

Imagine, por um momento, as nuances teológicas oriundas de um embate entre Karl Barth, falecido em 1968 e notado pela defesa do Cristo exaltado como a única chave perfeita da Revelação de Deus, e Friedrich Schleiermacher, nascido exatos 200 anos antes da morte do primeiro e defensor de que a Bíblia não é totalmente inspirada, ou, de forma mais apoteótica, um embate entre Jacó Armínio e João Calvino,³³ ambos mediados pela inteligência artificial, trazendo à tona aspectos de pensamentos que nunca se cruzaram no tempo.

Ou considere ainda os inúmeros cursos teológicos personalizados, moldados pela IA para atender necessidades específicas de comunidades em diferentes contextos, com potencial de tratar de temas complexos ao sabor da audiência. Para exemplificar, os modelos aqui abordados poderiam ser exercitados ao tentar explicar o conceito da união hipostática de Cristo³⁴ a três grupos distintos: um acadêmico de gastronomia, uma criança de 4 anos e um aborígene australiano. Não se trata de meras fantasias, mas possibilidades tangíveis, nas quais a IA se torna uma ponte entre o passado e o presente, entre o local e o global, entre a imensidão de informações e a limitação de repertório.

A inteligência artificial, nesse sentido, me deixa confiante para refletir sobre como sua sofisticação pode ser vista de forma a manifestar a Providência para nossa geração. Ignorar seu potencial seria não apenas uma imprudência, mas temo que também uma negação da capacidade divina de se revelar através da inovação e do progresso. Em harmonia com as reflexões de Gordon D. Fee e Douglas Stuart, considero que a IA pode ser uma ponte entre o “lá e antigamente” e o “aqui e agora”,³⁵ facilitando uma exegese e hermenêutica que respeitam a historicidade e o contexto original dos textos sagrados, ao mesmo tempo que os tornam relevantes e acessíveis no contexto contemporâneo.

A IA pode ser um catalisador para uma compreensão mais aprofundada da fé, um instrumento para explorar as nuances da teologia com uma precisão e clareza antes inimagináveis e com produções que deixam os críticos da tecnologia em questão boquiabertos. Essa convergência entre a sabedoria espiritual e o viés artificial nos leva, de forma honesta, a questionar as fronteiras do que consideramos genuíno. Estamos entrando em uma era na qual a autoria e a criação não são mais exclusivamente humanas, mas uma simbiose entre o orgânico e o digital.

Estamos entrando em uma era na qual a autoria e a criação não são mais exclusivamente humanas, mas uma simbiose entre o orgânico e o digital.

Reflita sobre essas análises teológicas, por exemplo. Inteiramente fabricadas entre sinapses, nos setores orgânicos de um cérebro humano? Produzidas por uma IA assistida por um ser humano? Produzidas por um ser humano assistido por uma IA? Ou, de maneira mais aterrorizante, produzida inteiramente de forma autônoma, entre bytes? Se a dúvida paira, o ensaio atingiu o objetivo.³⁶

 

Referências

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Berkhof, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.

Buber, Martin. Eu e Tu. Tradução de Newton Aquiles Von Zuben. São Paulo: Centauro, 2009.

Bustillo, Eduardo Velez; Patrinos, Harry A. Four biggest problems facing education and four trends could make a difference. Clique aqui para acessar. Acesso em: 2 novembro 2023.

Calvino, João. Pastorais. Série Comentários Bíblicos. Trad. Valter Graciano Martins. São José dos Campos: Fiel, 2009.

Cross, R. C.; Woozley, A. D. Plato’s Republic: A Philosophical Commentary. Londres: The MacMillan Press, 1980.

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Fischer, Steven Roger. A History of Language. Londres: Reaktion Books, 1999.

Fischer, Steven Roger. História da Escrita. Tradução de Mirna Pinsky. São Paulo: UNESP, 2009.

Fischer, Steven Roger. História da leitura. São Paulo: UNESP, 2006.

Geisler, Norman; Nix, William. Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós. São Paulo: Vida, 1997.

Halbwachs, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

Horton, Michael. O cristão e a cultura. São Paulo: Cultura Cristã, 1998.

Instituto Semesp. Mapa do Ensino Superior no Brasil. 11ª edição. Clique aqui para acessar. Acesso em: 2  novembro 2023.

Madureira, Jonas. Inteligência Humilhada. São Paulo: Vida Nova, 2017.

OpenAI. GPT-4. Clique aqui para acessar. Acesso: 2 novembro 2023.

Paroschi, Wilson. Crítica Textual do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2010.

Pazmiño, Robert W. Temas fundamentais da educação cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

Russell, Stuart J.; Norvig, Peter. Artificial intelligence: a modern approach. New Jersey: Pearson Education, 2010.

Van Til, Cornelius. Evil and Theodicy. Clique aqui para acessar. Acesso em: 5 novembro 2023.

Wittgenstein, Ludwig. Investigações Filosóficas. Tradução de José Carlos Bruni. São Paulo: Nova Cultura, 1999.


Os conteúdos das publicações da revista digital Unus Mundus são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a visão da Academia ABC².

* Ensaio classificado em 4º lugar na 3ª chamada de Ensaios do Radar ABC².

1. Cross e Woozley, 1980, p. 39.

2. Halbwachs, 1990, p. 131.

3. Fischer, 2009, p. 13.

4. Fischer, 1999, p. 88.

5. Ibidem, p. 95.

6. Dahl, 1982, p. 12.

7. Paroschi, 2010, p. 16.         

8. Geisler e Nix, 1997, p. 183.

9. Ibidem, 1997, p. 183.

10. Barbier, 2017, p. 126.

11. Dahl, 1982, p. 140.

12. Fischer, 2006, p. 206.

13. Pazmiño, 2008, p. 149.

14. Horton, 1998, p. 27.

15. Bustillo e Patrinos, 2023.

16. Instituto Semesp, 2023.

17. Erickson, 1990, p. 176.

18. Russell e Norvig, 2010, p. 1021.

19. Dennett, 1991, p. 310-313.

20. Russell e Norvig, 2010, p. 37-40.

21. Fischer, 1999, p. 87.

22. Russell e Norvig, 2010, p. 860.

23. OpenAI, 2023.

24. Este não é apenas um exercício de imaginação, mas antes o relato de alguns minutos de devaneio durante a produção do ensaio em que o autor colocou a versão mais recente do ChatGPT à prova.

25. Para o aprofundamento do conceito acerca da origem do mal e suas implicações, sugiro o ensaio do próprio autor em: Van Til, 2023.

26. Apesar da construção do argumento neste ponto do ensaio, evidentemente, a sistematização do conceito de Providência Divina não é original, portanto, recomendo o aprofundamento em Berkhof, 2002, p. 156-169.

27. Berkhof, 2002, p. 166.

28. Fischer, 2009, p. 14.

29. Calvino, 2009, p. 18.

30. Madureira, 2017, p. 27.

31. Wittgenstein, 1999, p. 43.

32. Buber, 2009, p. 30.

33. Este segundo embate proposto, mediado pelo ChatGPT, também não ficou no âmbito meramente ilustrativo hipotético, gerando, além da surpresa com a precisão acerca das citações dos teólogos e do desenvolvimento curioso das personalidades de ambos, outros bons devaneios durante a confecção do ensaio.

34. Erickson, 1990, p. 723.

35. Fee e Stuart, 2018, p. 31.

36. Caberia aqui um adendo em defesa do ensaio, mas, neste ponto, é preferível que a provocação fique em aberto para fins literários.

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